sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O ENEM Contextualizado

I – Contextualizando o ENEM
A partir da Revolução Industrial o mundo passou por profundas mudanças econômicas e sociais. O sistema capitalista se expande e uma nova ordem altera profundamente o processo de trabalho e, consequentemente, o contexto social, político, cultural e econômico de grande parte do planeta.
Nesse novo cenário de globalização da economia mundial, a realidade educacional também teve que se adequar às novas exigências do mercado. O desenvolvimento tecnológico, especialmente no final do século XX, vem forçando uma adaptação dos sistemas educacionais a uma formação de mão-de-obra que atenda à demanda imposta pelo mundo do trabalho...

O ensino moderno busca, dessa forma, renovar sua estrutura curricular atentando para a nova geografia do planeta, para a globalização econômica e para a revolução tecnológica, de modo que possibilite aos alunos as condições para o desenvolvimento de uma visão de mundo atualizada, bem como de suas competências, habilidades e cidadania.
O Brasil está inserido nesse contexto e vem adaptando suas políticas públicas em consonância com essa nova ordem mundial. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 20/12/1996, coloca, por exemplo, como um objetivo para o ensino médio: “o destaque à educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, o domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna”.
O Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM surge então, inspirado nos sistemas americano (ênfase na cobrança e na busca de eficiência e qualidade) e europeu (investimento em educação, pesquisa e ciência, universidades públicas de qualidade e essencialmente gratuitas), como um instrumento que permitiria ao governo avaliar anualmente o aprendizado dos alunos e, com base nos resultados apresentados, planejar ações que contribuíssem para a melhoria do ensino. Foi a primeira iniciativa de avaliação geral do sistema de ensino implantado no Brasil.
Quando criado em 1998, durante a gestão do então ministro da educação Paulo Renato, no governo Fernando Henrique, as provas do ENEM eram realizadas em apenas um dia e traziam 63 questões interdisciplinares e uma proposta de redação. Os conteúdos curriculares do ensino médio não eram abordados diretamente. Essa metodologia perdurou até 2008.
Em 2009, Fernando Haddad, ministro da educação do governo Lula, através do INEP (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais), propôs uma mudança na concepção do ENEM, tornando-o um vestibular unificado para as instituições públicas de educação superior, utilizando-se um novo modelo de provas, coerente com os princípios da LDB e PCN’s. O novo formato conta com maior número de questões, 180 no total, agrupadas em quatro áreas do conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias e ciências humanas e suas tecnologias.

O ENSINO ANTES DO ENEM

No modelo tradicional de ensino as aulas se baseavam quase que exclusivamente em conceitos. O aluno bom era aquele que “memorizava” a maior quantidade de conceitos, fórmulas, datas etc. As disciplinas eram trabalhadas de forma isolada e descontextualizadas. Os alunos não eram estimulados a pensar, a agir. Prevalecia o regionalismo.

II – COMO FUNCIONA O ENEM

A) QUEM APLICA O ENEM

A aplicação do ENEM é de responsabilidade do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, órgão do Ministério da Educação.

B) Como as provas são organizadas

As provas trazem 180 questões objetivas (de múltiplas escolhas), 45 para cada área do conhecimento. Veja qual conhecimento será cobrado em cada uma dessas áreas:
• Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias: Conhecimentos de língua portuguesa, literatura e língua estrangeira moderna (inglês ou espanhol). Aqui está incluída também a prova de redação.
• Matemática e Suas tecnologias: conhecimentos de álgebra e geometria.
• Ciências Humanas e Suas Tecnologias: conhecimentos de geografia, história, filosofia e sociologia.
• Ciências da Natureza e suas Tecnologias: conhecimentos de biologia, química e física.
As questões da prova do ENEM não abordam assuntos regionais, prevalecendo os de interesse nacional. Com isso, um estudante de qualquer parte do país tem condições de disputar igualmente com outros de outras regiões a uma vaga em qualquer universidade que tenha aderido ao processo.

C) ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR E MATRIZ DE COMPETÊNCIAS

O ENEM é uma prova diferente dos vestibulares tradicionais aplicados pelas universidades, pois tem como característica uma abordagem interdisciplinar, ou seja, visa à união do conhecimento, formulando questões que dependem do uso de duas ou mais disciplinas aprendidas para obter sua resposta.
O exame foi estruturado a partir de uma matriz de referência com a indicação de competências e habilidades e vincula-se a um conceito abrangente e estrutural da inteligência humana, exigindo do estudante a capacidade de correlacionar essas habilidades ao conjunto dos conteúdos tradicionalmente estudados no ensino médio, destacando a importância da formação geral na educação básica, não só para a continuidade da vida acadêmica como também para atuação do indivíduo na sociedade.

D) EIXOS COGNITIVOS (COMUNS A TODAS AS ÁREAS DE CONHECIMENTO)

Os eixos cognitivos são as cinco competências básicas que se espera que o estudante tenha nas quatro áreas gerais de conhecimento.
Portanto, o ENEM espera que você consiga:

I.Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemáticas, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa.

II.Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.


III.Enfrentar situações-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações, representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.
IV.Construir argumentação (CA): relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas para construir argumentação consistente.
V.Elaborar propostas (EP): recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

Além dessas cinco competências básicas, ainda tem as competências específicas de cada área, que variam de seis a nove, e 30 habilidades cada.
Os conteúdos também serão cobrados. Cada área apresenta uma relação de conteúdos que correspondem ao currículo genérico do Ensino Médio.

E) AVALIAÇÃO

As questões das provas do ENEM não terão pesos iguais no cálculo da nota final de cada área. As que apresentam mais dificuldades para serem resolvidas terão peso maior.

F) ENEM E AS UNIVERSIDADES

As universidades possuem autonomia e pode optar entre quatro possibilidades de utilização do ENEM como processo seletivo: como fase única, com o sistema de seleção unificada, informatizado e on-line, onde o ENEM substitui o vestibular tradicional; combinado com o vestibular da instituição, compondo parte da nota ou como pontuação extra; como primeira fase do processo seletivo ou como fase única para as vagas remanescente do vestibular.
G) VANTAGENS DO ENEM
Mais de 1000 Instituições de Ensino Superior (IES) pelo Brasil utilizam seus resultados como complementação de seus processos seletivos (como mencionado anteriormente, algumas já substituem o vestibular pelo ENEM como forma de seleção), o que acaba sendo um atrativo a mais para os estudantes participarem do exame. Assim, os estudantes das escolas públicas terão maiores chances de ingressar em uma faculdade federal e não precisarão se deslocar de suas respectivas cidades para prestar a prova.
Além disso, o ENEM continua a servir como referência para uma auto-avaliação sobre o ensino médio e qualidade do ensino, e sua nota continuará a ser critério de seleção de bolsas de estudos no Programa Universidade para Todos (Pro Uni). O Pro Uni é um sistema de benefício aos estudantes de baixa renda que não têm condição de pagar uma faculdade particular. EM 2010, o programa ofereceu 85.155 bolsas.
O Enem vai ainda promover a certificação de jovens e adultos no ensino médio, pois desde 2009, o Exame Nacional para Certificação de Competências de jovens e adultos (Encceja) deixou de existir para o ensino médio. Assim, para se candidatar à certificação do ensino médio, é necessário participar do Enem.
Outra vantagem de fazer o exame está no fato de que algumas empresas – principalmente as que contratam estagiários – começaram a adotar o desempenho dos candidatos no ENEM como critério de seleção de funcionários. Assim sendo, os concorrentes que não tiveram experiência profissional anterior podem ter uma chance a mais para conseguir um bom emprego.

H) MOBILIDADE ACADÊMICA

De acordo com a PNAD 2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), de todos os estudantes matriculados no primeiro ano do ensino superior, apenas 0,04% residem no estado onde estudam há menos de um ano. Isso significa que é muito baixa a mobilidade entre os estudantes nas diferentes unidades da federação. O MEC argumenta que o vestibular tradicional desfavorece candidatos que não podem se locomover pelo território. Assim, um jovem que queira prestar vestibular para determinado curso e tenha problemas financeiros, dificilmente poderá participar de processos seletivos de diferentes faculdades – e terá suas chances de aprovação diminuídas. Por outro lado, as federais localizadas em Estados menores ficam restritas aos candidatos de suas regiões. Para tentar reverter esse quadro, o Ministério da Educação poderá aumentar as verbas para assistência acadêmica das universidades, para que candidatos de diferentes estados possam manter-se estudando, aumentando a mobilidade acadêmica.


Fonte: Diário do Pará – SÉRIE DIÁRIO ENEM 2011, Guia especial.

Postado por Profº. Roberto Brito

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